JUIZ ADVERTE ADVOGADA PELO CHORO DO FILHO DURANTE AUDIÊNCIA, MAS NA MESMA SEMANA, ADVOGADO LEVA FILHO EM AUDIÊNCIA E TEM ANTECIPAÇÃO DE CASO.
No dia 22 de agosto, durante uma sessão da 2ª câmara Cível do TJ/AM, um desembargador repreendeu uma advogada pelo choro de seu filho que aconteceu durante julgamento por videoconferência.
A OAB de Santa Catarina manifestou de forma solidária a advogada, no qual a entidade destacou se tratar de “constrangimento enfrentado” pela profissional durante o exercício do trabalho.
Não temos a intenção aqui de criar um juízo de valores a respeito da atitude do magistrado, mas temos alguns questionamentos: semana passada, viralizou nas redes sociais, o vídeo de uma pai/advogado que levou seu filho para acompanhá-lo durante audiência no STJ e não foi reprendido, ao contrário, recebeu do Ministro antecipação do caso para que o pai pudesse seguir com o filho.
Acontecimentos assim, só reforçam que não podemos romantizar a maternidade solo, acreditamos que pai e mãe (efetivamente exercendo seus papéis) são indispensáveis para o bom desenvolvimento da criança.
Mas, infelizmente, sabemos da existência de números bem significativos de crianças que são cuidadas pela mãe de forma solo, a estatística está ai e não nos deixa mentir. Mulheres que exercem jornadas duplas e até triplas, as mulheres precisam que a sociedade escute suas vozes, que as respeitem dentro e fora do seu ambiente de trabalho.
O caso dessa advogada é a representatividade do caso de milhares de brasileiras – trabalhadoras e mães, é obvio que se essa advogada tivesse condições melhores ela teria deixado seu filho de forma confortável.
A ética dessa advogada deveria ser questionada pelo seu trabalho profissional caso deixasse de cumprir prazos e realizar atos, ela não pode ser vista como antiética por que trabalhou de forma office com a filha no colo.
E voltamos a reforçar o quanto é difícil combater o machismo estrutural de nossa sociedade.
A realidade da mulher é sempre estar em estado de alerta e de luta, sempre tendo que se impor de forma efetiva e nunca poder se fragilizar e isso é muito injusto. Guimarães Rosa que sempre esteve certo: “a vida é assim, esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”.